Wednesday, June 13, 2007

Agora

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.

(...)

Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.

(in "Súplica", Miguel Torga)

Monday, April 30, 2007

Às vezes penso que já não vou escrever-te mais.
Porque me violento ao escrever
Porque estremeço por dentro
Porque te amo ainda.

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João Marinheiro (de água salgada e alma doce), in Memórias Virtuais, "Qual foi a Manhã".

Thursday, April 19, 2007

Decidi

Esqueci de tentar te esquecer
Resolvi te querer por querer
Decidi te lembrar quantas vezes eu tenha vontade
Sem nada a perder.


(Excerto de "Outra Vez", Roberto Carlos).

Sunday, March 4, 2007

"(...) sabemos que nos falta qualquer coisa,

e que essa qualquer coisa que não conseguimos definir, e que é sem dúvida um pedaço da nossa alma, foi retalhada do nosso ser por esse olhar que nos fixou, e levou consigo a imagem em que a nossa essência encontrara a sua mais completa expressão, deixando-nos um vazio que não conseguimos definir, porque para isso precisaríamos das palavras de quem nos roubou a nós próprios".

In O Anjo da Tempestade, Nuno Júdice.

Entardeço

Nem tudo na vida é ouro sobre azul.
Quanta vida [entardecida], neste azul sobre o Douro!

(Ribeira do Porto, 12 de Fevereiro de 2007)

Tuesday, February 27, 2007

Naufrágio

Pus o meu sonho num navio
E o navio em cima do mar
Depois abri o mar com as mãos
Para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas
Do azul das ondas entreabertas
E a cor que escorre dos meus dedos
Colore as areias desertas

O vento vem, vindo de longe
A noite se curva de frio
Debaixo d'água vai morrendo meu sonho
Vai morrendo dentro do navio

Chorarei quanto for preciso
Para fazer com que o mar cresça
E o meu navio chegue ao fundo
E o meu sonho desapareça.

(Cecília Meireles)

Wednesday, January 31, 2007

Verso pendente

Esta causa ardente
Que me inflama e domina
Será o verso pendente
De um poema que termina